Brambilla Home Care e Cirúrgica

Com o objetivo de orientar e direcionar os profissionais sobre intervenções terapêuticas a serem adotadas em paciente com sequelas pós-COVID-19, o Comitê de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento do novo coronavírus do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região (CREFITO-4 MG) elaborou as Diretrizes de Reabilitação Fisioterapêutica na síndrome pós-COVID-19. Os objetivos principais do Fisioterapeuta na reabilitação de pacientes com sequelas da COVID-19 devem ser: promover alívio de sintomas, tratar e prevenir complicações respiratórias, cardiovasculares, musculoesqueléticas e neurológicas, proporcionar restabelecimento da qualidade de vida e retorno às atividades laborais, sociais e esportivas.

Embora as sequelas pós-COVID-19 sejam mais comuns em pacientes que desenvolveram a forma grave, indivíduos que apresentaram a forma moderada da doença e que não necessitaram de hospitalização também podem ter algum grau de comprometimento funcional. O SARS-COV2 pode afetar múltiplos órgãos e sistemas do corpo e as sequelas são variadas. Portanto, uma avaliação individualizada que contemple aspectos físicos, funcionais e de participação é fundamental para definição do plano terapêutico.

Principais sequelas da Covid-19:

• Função pulmonar prejudicada;
• Fadiga;
• Fraqueza muscular;
• Limitação da mobilidade e da capacidade de realizar atividades diárias;
• Delírio e alterações cognitivas;
• Desordens mentais e psicológicas

Quando iniciar o programa de reabilitação:

a) 7 dias sem a presença de todos os sintomas inicias da COVID-19;
b) Se o paciente apresentar frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e saturação periférica de oxigênio dentro dos limites de normalidade.

O programa de reabilitação deve incluir preferencialmente:

a) Exercícios aeróbicos para pacientes com acometimento cardiopulmonar e que apresentem descondicionamento físico;
b) Exercícios de fortalecimento para pacientes que apresentem fraqueza muscular periférica;
c) Exercícios de flexibilidade;
d) Exercícios respiratórios;
e) Treino de força e/ou resistência da musculatura respiratória;
f) Exercícios de equilíbrio e controle neuromuscular;
h) Aconselhar acompanhamento e suporte de equipe de saúde mental quando for necessário.

É importante que, antes dos exercícios principais, seja realizado aquecimento musculoesquelético. Para o fnal da prática indica-se relaxamento.

Intensidade dos exercícios:

Para monitorar a percepção de esforço durante a prática de exercício físico recomenda-se o uso da Escala de Borg Modifcada que gradua a percepção da dificuldade de execução do esforço físico entre 0 e 10 e é considerada um auxiliar da monitorização da frequência cardíaca. Esta avaliação deve ser realizada no início, meio e ao final do atendimento. Sugere-se que o índice 3 na Escala de Borg (esforço moderado) seja tomado como uma referência para segurança nos exercícios realizados sem monitoramento, em ambiente domiciliar ou em fase inicial da reabilitação.

Recomenda-se utilizar a oximetria de pulso junto à escala de BORG para monitorização do paciente tanto em repouso quanto durante o esforço. Em alguns casos o paciente pode apresentar hipoxemia silenciosa e alteração da percepção do esforço. Para realização de exercícios resistidos sugere-se iniciar com cargas leves (20 a 50% de 1RM). Recomenda se que a cada 7 dias o paciente seja reavaliado pelo Fisioterapeuta e, caso seja possível, a intensidade e a duração dos exercícios devem ser aumentadas gradualmente de modo a manter o esforço em um nível confortável e seguro até que seja atingido o objetivo desejado.

Contraindicações absolutas:

• Doença sistêmica aguda ou febre;
• Frequência cardíaca de repouso menor que 50 e maior que 100 batimentos por minuto;
• Saturação de oxigênio menor que 88%;
• Sinais de desconforto respiratório em repouso;
• Hipertensão não controlada – ou seja, pressão arterial sistólica (PAS) durante o repouso > 180 mmHg e/ou pressão arterial diastólica (PAD) durante o repouso > 110 mmHg;
• Arritmia não controlada;
• Miocardite ativa;
• Diabetes mellitus descompensada.

Critério para interrupção dos exercícios:

Caso o paciente apresente algum dos sintomas listados abaixo os exercícios devem ser interrompidos e, se persistirem, o paciente deve ser encaminhado a um serviço médico.

a. Náusea ou sensação de enjoo;
b. Tontura;
c. Falta de ar e/ou fadiga intensa;
d. Queda de 4% da saturação de oxigênio em relação ao valor de repouso e valores menores que 88%;
e. Sudorese excessiva;
f. Crise de ansiedade;
g. Palpitações;
h. Dor ou sensação de aperto no peito.

Importante:

Não se esqueça de usar os EPI, realizar a lavagem das mãos sempre antes e após os atendimentos. Muito importante que o profissional esteja atento para ocorrência de queda da saturação e/ou outros sinais de descompensação que surgirem durante a prática dos exercícios, garantindo assim uma execução segura. O paciente e seus familiares são partes ativas no processo de reabilitação. O fisioterapeuta deve fornecer orientações por meio de cartilhas e/ou relatórios que auxiliem na promoção de educação em saúde.

Deve-se também orientar pacientes e familiares sobre o autogerenciamento do desempenho das atividades de vida diária. Nos casos graves da doença, com comprometimento cardiovascular e/ou pulmonar, uma avaliação médica deve ser realizada antes de iniciar um programa de reabilitação. Pacientes que apresentem comprometimento cognitivo e/ou mental devem ser abordados por equipe multiprofissional.

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